Marcos Torquato – Poeta, Jornalista e responsável geral do Blog.
Uma história cultural perdida no tempo
Arte no ponto é um sonho perdido um pouco antes da virada do século XX. No início a ideia era lançar uma revista cultural, que por algum motivo não me vem à mente o nome. Tempos depois, desejei publicar um jornal tablóide com a intenção de divulgar os talentos artísticos da nossa cidade. Este novo projeto seria denominado “Arte no Ponto”, uma referência aos pontos de ônibus, local onde seriam distribuídos os exemplares do periódico.
Diferente da revista, este teve um passo além da elaboração mental, convidei a querida Kátia Mariano que na época trabalhava no antigo Diário de Osasco, atualmente Diário da Região, ela seria nossa redatora, o Humberto Alcântara, o responsável pela diagramação e arte-final. A mim caberia a direção geral do projeto. De início, seria um jornal com 4 páginas impressas em preto e branco, num futuro próximo almejávamos ter 8 páginas, com o tempo o projeto ganharia cores.
Chegamos a montar o um boneco, que trazia na capa uma matéria sobre o movimento cultural Berço das Artes e outra sobre o artista plástico Ceci Camargo, além disso, contávamos com algumas charges do cartunista Mecchi. Ao analisarmos os custos e o retorno, percebemos a inviabilidade do negócio, assim ”morria” um sonho. Os anos foram se passando e já não me lembrava do nosso jornal, durante muitos anos guardei o único exemplar como lembrança, mas acabou se perdendo entre uma mudança e outra lamentavelmente o arquivo teve o mesmo destino.
De repente o desejo em retratar a cultura de Jandira ressurgiu, curiosamnte não me lembrei do projeto do jornal, se quer do nome “Arte no Ponto” tão sugestivo ainda que a intenção primeira fosse distribuir nos pontos de ônibus, não podemos deixar de dizer que era um nome múltiplo significativos, a própria Kátia Mariano, comentava que ponto remetia a ideia de bolo no ponto, numa leitura imediata somos remetido há uma mensagem direta onde a palavra arte está no ponto.
Ao reascender este desejo possivelmente adormecido em algum lugar do inconsciente, acabei elaborando o “Documentário Jandirarte” (um dos projetos aprovados pelo Fundo Municipal de Cultura de Jandira em 2017) Na verdade, o projeto surgiu com a intenção inicial de ser um catálogo cultural da cidade, mas quis o destino que se tornasse um trabalho em áudio visual. Para realização do projeto convidei os amigos Sérgio Terra e Sidkley Dantas que trouxe seu assistente Elton Oliveira, os amigos próximos sabem que a participação do Humberto Alcântara é natural nas minhas empreitadas culturais.
Assim, juntamente com o músico Keni, Humberto produziu a trilha sonora do trabalho. Neste primeiro registro tivemos a oportunidade em retratar um pouco da história de 25 artistas dos mais diversos segmentos, como: artes cênicas, arte visuais, cinema, dança, fotografia, literatura e música. Em nossa pesquisa, além dos artistas conhecido de longa data, seja pela maior visibilidade na cidade ou na região, buscamos encontrar os fazedores de cultura que estão longe dos holofotes, para tanto lançamos mão de um convite público por meio das redes sociais sobre o nosso interesse em conhecer quem são esses artistas. Além disso, procuramos nas entrevistas indicações sobre outros nomes. Essa garimpagem trouxe um resultado bastante satisfatório.
E agora, mais de 20 anos depois, surge este blog, com os mesmos ideais da revista ou do jornal, ainda que pela própria dinâmica da vida muitas coisas mudaram entre elas: a maneira de distribuição, impressão, a internet que se tornou a grande porta de mudança da vida moderna potencializando e redefinindo todos os caminhos até então conhecidos, encurtando o mundo apenas em alguns clics. A essência permanece a mesma que coaduna no propósito inicial que é justamente de conhecer e dar visibilidade e voz a tantos artistas anônimo.
Os primeiros textos surgiram com intenção de ser um catalogo cultural de nossa cidade, mas, ao escrever e reescrever, de repente ressoou um som estrondoso na minha mente “Arte no Ponto”, estranhei, afinal o catalogo deveria chamar “Jandira Manifestando sua Arte” ou quem sabe “Jandirarte”, mas quando o som bateu na minha cabeça em principio como um insight, com a inquietação que me é peculiar, tornou-se blog.
Face ao fantástico mundo digital o nosso “Arte no Ponto”, além dos pontos de ônibus por meio da tecnologia mobíle, estaremos nos trens, metrôs, nas casas, no Instagram, Facebook e nos mais diversos lugares com um conteúdo sendo partilhado e compartilhado livremente ao mais variado público leitor.
Pelas circunstâncias da vida não temos mais o nosso primeiro boneco, também sentimos a ausência da Kátia Mariano, mas quem sabe um dia ela venha compor nossa equipe. Se por um lado tem um suave dissabor, por outro, temos a imensa alegria de apresentar um projeto mais ousado e consequentemente mais elaborado, anos depois me formei em jornalismo, fiz novos amigos e para este novo momento o nosso blog conta de início com os colunistas: Professor Juscelino Carvalho da Silva, que irá escrever sobre cultura geral e elaborar resenhas das obras dos autores da cidade, e o professor universitário, jornalista e crítico de arte Oscar D’Ambrósio que irá nos apresentar os trabalhos dos artistas plásticos de nossa cidade, a escritora e Jornalista Mazé Torquato nos apresentando artistas brasileiros que residem em París.
O desenvolvimento e arquitetura do projeto ficam por conta do amigos Luis Antonio, Denis Mori, e o layout cabe ao Humberto Alcântara. Teremos ainda podcasts em várias vozes. A mim cabe retratar sobre a história cultural da cidade e apresentar os seus fazedores de cultura.
Arte no Ponto 