A capacidade de experimentar

Por Oscar D’Ambrósio

Um dos principais méritos do artista plástico Lucas Pennacchi é a inquietação. Seja com tinta acrílica, areia, nanquim ou outros materiais, ele consegue transformar a sua experimentação técnica em resultados dos mais diversos, que vão desde o desenho e a aquarela a trabalhos com tinta a óleo com várias diluições.

Sua estrutura visual provém, em parte da infância passada junto aos murais pintados na sua casa pelo pai, o artista Fulvio Pennacchi, e ao convívio com ele, principalmente a partir de 1985, quando decidiu dedicar-se à arte profissionalmente, construindo a própria carreira.

No início, com paisagens singelas, obtinha os melhores resultados quando deixava a imaginação o levar livremente a partir de referenciais concretos. Mostrava assim que seu ofício era o de criar. Estabelecia um padrão singular, lírico e quase ingênuo, no sentido de deixar fluir a intuição, amparando-a pela conquista do domínio técnico.

Em 1993, as séries de pássaros e peixes ganharam espaço e mostravam um artista em que a cor ganhava um progressivo espaço. Esses animais se tornaram autênticos personagens de uma saga repleta de alegria visual, embora alguns deles pareçam introspectivos e mesmo tristes. 

Nascido sob o signo de Peixes e amante da pescaria, Lucas mergulhou no mundo desses seres. Discorre sobre eles com desenvoltura, construindo diferentes composições, muitas vezes com predominância de padrões geométricos e repetições, recursos plásticos a explorar o espaço.

Os pássaros têm personalidade própria. Cada um constitui um paradigma de emoções e sentimentos, que vão dos mais positivos e alegres aos mais reservados. Bicos longos, pequenos adereços e o diálogo entre as cores são essenciais nesse processo de construção em que o lúdico desempenha um papel primordial.

Humor, lirismo e poesia se mesclam num processo criativo que envolve observação do real e imaginação. O resultado é um estilo rumo a uma limpeza plástica. O uso maior dos espaços vazios do suporte e experiências com preto e branco são provas de que Lucas Pennacchi não quer estagnar, mesclando as cores de seus pássaros e peixes à delicadeza de suas paisagens.

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